quarta-feira, 30 de abril de 2008

3 - Os tipos de culto

A REINA adota diversos tipos de cultos. Cada tipo tem seu próprio estilo e finalidade. Todos, porém tem um objetivo comum: glorificar a Deus.

As pessoas devem ser estimuladas, não a assistir ao culto, ou a freqüentá-lo, e sim a prestar culto a Deus. A diferença entre assistir a um culto e prestar culto é que no primeiro, a pessoa é levada a uma conduta passiva, enquanto no segundo ela é levada a uma postura de interatividade.

Ninguém pode cultuar no lugar de outro. Trata-se de um dever intransferível. Podemos orar por alguém, interceder por ele, mas não podemos cultuar em seu lugar.

O culto deve ser encarado como um sacrifício oferecido a Deus; o que não deve ser entendido como algo doloroso, penoso, e sim como algo extremamente agradável. O termo sacrifício é a junção de duas palavras: sacro + ofício. Trata-se, portanto, de um ofício sagrado. Paulo nos orienta a apresentar nossos corpos a Deus como um sacrifício puro, santo e agradável, pois isto se constitui em nosso culto racional (Rm.12:1).

Há vários tipos de culto, de acordo com a classificação que se segue:

1. Culto Eucarístico – Trata-se de um culto revestido de caráter muito especial, pois nele se relembra o sacrifício de Cristo na Cruz, através da celebração da Santa Ceia do Senhor.
Usamos como elementos que compõem a Mesa do Senhor, o suco da uva e o pão.
O suco deve ser servido em cálices especiais de vidro, plástico ou similar, e devem estar devidamente limpos. Em caso de necessidade, poderá usar-se copinhos descartáveis. O pão deve ser partido antecipadamente, ficando apenas um pão para ser partido no altar no momento da celebração (a critério do celebrante), e deve ser servido em bandejas apropriadas. Caberá aos assistentes diaconais e diáconos servir a Ceia. Em reuniões especiais, este serviço poderá ficar a cargo de pastores previamente selecionados.

Os elementos deverão ser oferecidos indistintamente a todos. Entretanto, caberá ao pastor celebrante advertir as pessoas quanto à seriedade que envolve a participação dos mesmos. E deverá ainda orientar para que somente os membros do Corpo de Cristo participem Mesa do Senhor. Depois de alertadas, caberá às pessoas julgarem a si mesmas, participando ou não.
Os cultos eucarísticos deverão acontecer preferencialmente aos domingos pela manhã ou à noite, ou em ambos os horários, ou ainda em ocasião extraordinária.

2. Culto Evangelístico / Campanhas – São cultos dedicados a apresentar Jesus aos necessitados e aflitos. Ninguém poderá adorar a um Deus desconhecido. Para que recrutemos adoradores para Deus, precisamos apresentá-Lo como Alguém digno de receber nossa adoração. E como o faremos? Da mesma forma como Jesus fez no passado. Ministrando de acordo com a necessidade das pessoas. Elas precisam de cura, libertação, prosperidade, união familiar, e tudo o que só Deus pode promover na vida daqueles que O buscam. Para estimular o interesse das pessoas em buscar de Deus a solução de seus problemas, a REINA promove campanhas, movimentos e cruzadas. Nessas reuniões, a mensagem deve ser simples e objetiva. Deve-se evitar o uso de certos termos e jargões que somente os crentes entendem. As canções devem girar em torno do tema da reunião, e conter um tom evangelístico. Não se deve usar canções de adoração, nem de forte apelo doutrinário. As orações devem ser objetivas. Se a reunião for dedicada à libertação, deve-se orar para que o poder de Deus se manifeste, a fim de que os demônios não resistam e saiam, abandonando os corpos que possuem. Não se deve “invocar” demônios, isto é, chamá-los, para que venham de onde estiverem para manifestar ali. Se houver alguém possesso, certamente vai manifestar. Nosso papel é expulsar o demônio, não invocá-lo. O uso de nomes dados aos demônios nas seitas afro-brasileiras deve ser evitado. Tal prática é proibida pelas Escrituras, de acordo com Josué 23:7, onde lemos: “Não vos mistureis com estas nações que ainda restam no vosso meio; não fareis menção dos nomes de seus deuses, não os invocareis”. Deve-se usar de cautela, para não dar qualquer crédito às coisas ditas por demônios, através dos lábios de pessoas manifestadas. Lembremo-nos que o diabo é o pai da mentira, e que “não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio” (Jo.8:44). Não se deve dirigir qualquer palavra a um demônio, se ele não estiver manifestado em um corpo. Se o fizermos, estaremos conferindo onipresença ao diabo, atributo que só Deus possui. Nossas orações devem ser dirigidas a Deus. Entretanto, podemos dirigir palavras de ordem às enfermidades, para que se retirem em o Nome de Jesus. Tais ordens são chamadas de “Oração da Fé”. Não se trata de orar a Deus, pedindo que cure as doenças. Jesus já tomou sobre Si as enfermidades. Não precisamos pedir que Deus faça o que já fez. A Oração da Fé nada mais é do que a Fé que se expressa em uma ordem dirigida à doença, para que deixe de vez a pessoa acometida.

Deve-se também usar a imposição de mãos, conforme prescreve a Bíblia (Mc.16:18). Além da unção com óleo, que representa o Espírito Santo (Mc.6:13; Tg.5:14).

Deve-se evitar qualquer tipo de misticismo ou superstição, como por exemplo, atribuir poder à feitiçaria ou à inveja. Se anunciarmos que temos poder pra desmanchar macumba, estaremos afirmando que a macumba realmente funciona. As pessoas precisam ser conscientizadas de que o Poder pertence a Deus. Os demônios dizem que receberam isso ou aquilo em um trabalho de bruxaria, para manter as pessoas na ignorância espiritual. O que o diabo quer é ser adorado. Quando ele pede que uma pessoa lhe dê uma oferenda, o que lhe interessa não é a oferenda em si, mas a adoração que lhe está sendo dedicada. Os incautos pensam que podem manipular as forças do mal através de despachos, sacrifícios e oferendas, mas na verdade, eles é que estão sendo manipulados por tais forças. Não podemos mantê-los neste estado de cegueira espiritual. Temos que abrir seus olhos, falando-lhes a verdade. Em lugar nenhum da Bíblia é-nos ordenado sair por aí desmanchando macumbaria. A ordem de Jesus é: Curai os enfermos, e expulsai os demônios.

3. Culto Doutrinário – Trata-se de um culto dedicado ao ensino das doutrinas e princípios da Palavra de Deus, que devem nortear nossa conduta no mundo. Toda igreja da REINA deve dedicar pelo menos um culto na semana para este fim. Nele, o pregador deve assumir a posição de mestre, conduzindo seu rebanho a um estudo mais profundo das Escrituras.

4. Culto de Adoração – A cada domingo, o povo de Deus deve dedicar-se inteiramente à adoração. Convém salientar que a música tem papel importante no culto de adoração, e por isso, deve tomar maior tempo do que nos demais cultos. Cada igreja da REINA deve constituir um ministério de louvor e adoração, liderado por um ministro de música qualificado. Caberá a este ministério conduzir o período de louvor durante o culto. Para tanto, o pastor deve estimular os jovens a aprender a tocar instrumentos diversos, e investir na aquisição dos mesmos. Pode-se também levantar um coral, desde que haja alguém disposto e qualificado para regê-lo. Canções de louvor e adoração diferem das canções de apelo evangelístico, pois não são centradas nas necessidades humanas, mas no próprio Deus. Há ainda uma diferença entre louvor e adoração. Geralmente, o louvor fala de Deus, enquanto que a adoração fala a Deus. Em outras palavras, no louvor, referimo-nos a Deus como “Ele” e na adoração como “Tu”. O louvor enfatiza o que Deus faz, enquanto que na adoração a ênfase recai sobre o que Deus é.

Os componentes do ministério de louvor devem ser selecionados de acordo com os seguintes critérios: a) habilidade musical; b) bom testemunho; c) vida comprometida com Deus e a Sua obra; d) disposição e disponibilidade para ensaiar.

5. Culto de Oração – Uma vez que cremos no sacerdócio universal dos crentes, devemos estimular o povo de Deus a uma vida de oração. Todos temos igual acesso à presença de Deus, e devemos desfrutar disso ao máximo, apresentando-nos a Ele regularmente para intercedermos em favor de todos os que necessitam. Para isso, é salutar que promovamos reuniões de oração, onde possamos dedicar a maior parte do tempo à intercessão. A Bíblia nos ordena a orar uns pelos outros (Tg.5:16), pelos aflitos (Tg.5:13), pelas autoridades constituídas (1 Tm.2:1-2), e até pelos que nos perseguem (Mt.5:44). Além do mais, deixar de interceder é incorrer em grave falta aos olhos de Deus (1 Sm.12:23).

6. Desfiles Triunfais – “Graças, porém, a Deus, que, em Cristo, sempre nos conduz em triunfo e, por meio de nós, manifesta em todo lugar a fragrância do seu conhecimento” (2 Co.2:14). Inspirada nesta poderosa declaração, a REINA promove desfiles triunfais, em que seus membros e simpatizantes saem às ruas para proclamar o triunfo de Cristo e do Seu Povo na Terra. Trata-se de um culto em movimento, com música, dança e alegria, através do qual a Igreja exala o perfume do seu Senhor para além dos seus muros. Recomenda-se o uso de alegorias e faixas contendo testemunhos, gritos de ordem, além da pregação da Palavra de Deus, que poderá ser feita antes ou depois do desfile, se possível em praça pública, estádio ou ginásio esportivo.

7. Cruzadas – No afã de alcançar as multidões para Cristo, a REINA promove cruzadas em praças, clubes, ginásios e estádios. Os cantores convidados deverão entoar canções de cunho evangelístico, evitando usar uma linguagem que somente os crentes possam entender A pregação deve ser objetiva e evangelística, podendo ser seguida de um apelo simples, para que as pessoas se rendam ao Senhor Jesus, recebendo-O como seu Salvador pessoal. Todas as expectativas devem girar em torno daquilo que Cristo vai realizar durante o momento de oração. Deve-se colher testemunhos imediatos de curas e milagres que acontecerem durante o momento de oração.

8. Culto Jovem – Com fim evangelístico, ou com objetivo de promover maior entrosamento entre os jovens da igreja, o culto jovem tem suas peculiaridades. A começar pelo estilo musical, e pela forma extrovertida e informal em que deve ser conduzido. Além de música, oração, e ministração da Palavra, o culto jovem pode ter ainda gincanas, brincadeiras, e outros expedientes que possam atrair o interesse dos jovens, contanto que se mantenha a reverência a Deus. Pode ser promovido com fim evangelístico em outros ambientes além da igreja, como escolas, faculdades, praças e etc. Cada igreja e congregação da REINA deve ter um Grupo Jovem, que deve ser dirigido com sabedoria, por alguém capaz de entender e fazer uso de uma linguagem sadia, porém contemporânea, que vá de encontro aos anseios da nova geração. O Grupo Jovem poderá promover evangelismos, passei-os, retiros, debates, torneios esportivos, festas, congressos, apresentação de peças teatrais e coreografia, concursos, vigílias de oração, e tudo o que vise o seu crescimento e fortalecimento.

9. Congressos e Simpósios – Com o objetivo de aprimorar o conhecimento de temas bíblicos e de interesse geral ou de um grupo em particular (mulheres, jovens, adolescentes e etc.), a REINA se propõe a realizar congressos e simpósios, que também servirão para congraçamento dos seus membros. A organização do evento ficará por conta do departamento da igreja que o promover. Porém contará com o apoio de todos os setores da REINA. O CORAP deverá ser previamente comunicado acerca de qualquer congresso ou simpósio promovido nas igrejas da REINA. Antes de agendar qualquer data, o responsável pelo evento deverá consultar o CORAP, a fim de se certificar acerca de uma data disponível, para que não haja mais de um evento em um mesmo dia.

10. Culto em Ação de Graças – A REINA crê que o sucesso espiritual de alguém se mede pelo número de ações da graça que se faz por ela a Deus. Por isso, estimulamos os membros a realizarem cultos em ação de graças por suas vidas, e por seus familiares e amigos. Cremos também que, embora não possamos orar pelos que já faleceram, devemos agradecer a Deus pelo exemplo de vida que eles nos deixaram. Temos uma data especial de Culto a Deus em gratidão pela vida dos Heróis da Fé, que é o dia 11/4 de cada ano. Em Hebreus 11:4 lemos que “Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho das suas ofertas, e por meio dela, depois de morto, ainda fala”. Assim como Abel, há muitos que mesmo depois de mortos, ainda falam, através do seu testemunho de vida. Nesse culto, agradecemos a Deus pela vida dos mártires, dos reformadores protestantes, do nosso fundador Missionário Cecílio Carvalho Fernandes, bem como daqueles que passaram por este mundo, sem alcançar fama, mas que produziram marcas profundas em nossas vidas.

11. Culto Fúnebre – Embora aconteça em um momento de dor, deve ser ministrado com serenidade, e com o objetivo de infundir esperança no coração dos familiares da pessoa falecida. Recomenda-se que o ministro busque demonstrar compaixão pela dor, sem com isso deixar transparecer qualquer indício de desespero. A mensagem deve ser curta, e conter temas como a vida eterna, a ressurreição dos que morrem com Cristo, e a vitória de Jesus sobre a morte. Sugerimos a utilização dos seguintes textos: Salmo 89:48; 49:15; Ezequiel 18:32; João 5:24-29; 8:51; Romanos 8:38; Hebreus 2:14-15.

12. Culto Inaugural – Trata-se de um culto especial em que se consagra a Deus um lugar que a partir da data de sua inauguração servirá de cenário para a manifestação de Sua glória em meio ao Seu Povo, que ali se reunirá periodicamente para adorá-Lo e servi-Lo. Deve-se evitar chamar qualquer espaço de Casa de Deus, pois na Nova Aliança, a Casa de Deus somos nós, e não o lugar onde nos reunimos para cultuar. Afinal, Deus não habita em templos feitos por mãos humanas (At.17:24), e sim em um Templo feito de pedras vivas, que somos nós (1 Pe.2:5; Ef.2:21-22).

13. Culto de Ordenação – Dedicado à consagração de novos ministros. A mensagem deve girar em torno do compromisso que será assumido pelos novos ministros, de honrar o título que receberão, cuidando com afinco da Doutrina, do rebanho e da obra que lhes for confiada. Após admoestação, os candidatos firmarão, através de declaração pública, compromisso de fidelidade à Bíblia, à Confissão de Fé, ao Estatuto e ao Regimento Interno da REINA. Em seguida, receberão a Unção, e a imposição de mãos da banca ordenadora, formada pelo Bispo e por outros ministros previamente escolhidos. No caso de diáconos, poderão ser ordenados pelo pastor local.

14. Casamento – A Cerimônia Nupcial é revestida de um valor ímpar. Não foi em vão que Jesus escolheu uma festa de casamento para manifestar pela primeira vez Sua Divindade, transformando água em vinho. Da mesma forma, não podemos desperdiçar uma cerimônia de casamento, deixando de anunciar o poder restaurador e transformador de Cristo. Além de aconselhar de público aos nubentes, o celebrante deve aproveitar para firmar os valores do Reino de Deus concernentes à família, demonstrando que Deus é o seu autor, e que por isso mesmo, é quem mais está interessado na sua preservação. Pode-se também aproveitar para fazer uma breve exposição do Evangelho, comparando a maneira como o marido deve dar sua vida pela esposa, com a maneira como Cristo deu Sua vida por nós (Ef.5:25). Desta forma, apresentamos Deus como a figura central da cerimônia; e o que deveria ser apenas um ritual, torna-se em um verdadeiro culto a Deus. Logo no começo da cerimônia, deve-se invocar a presença do Criador, com uma oração simples, buscando lembrar às pessoas presentes que foi Deus o celebrante do primeiro matrimônio da história, e que Sua presença é indispensável, tanto no enlace matrimonial, quanto nos momentos que serão partilhados pelo casal a partir daquela data. Além da oração inicial, a cerimônia ainda tem pelo menos outras duas orações: a que apresenta as alianças, e a impetração da bênção nupcial, que a dará por encerrada. Durante a cerimônia, alguém previamente escolhido pelos nubentes, ou pelo celebrante, poderá entoar uma canção de louvor a Deus, cujo tema gire em torno do amor conjugal.

15. Culto aos anjos (?) – A REINA rejeita veementemente a ênfase que muitas igrejas têm dado à atuação dos anjos. Tal prática foi contestada por Paulo, que em sua epístola aos Colossenses denunciou o “culto dos anjos” (Col.2:18). Enquanto os católicos romanos elegeram os santos como seus intercessores diante de Deus, os evangélicos estão trans-formando os anjos em mediadores de bênçãos. Não podemos tomar exemplos extraídos do Antigo Testamento para justificar tal prática, pois vivemos em uma Nova Aliança, mediada unicamente por Cristo (1 Tm.2:5). A Antiga Aliança foi mediada por anjos (At.7:53; Gl.3:19; Hb.2:2). Eles eram portadores de mensagens e bênçãos para o povo de Deus. Porém agora, sob a Nova Aliança, somos abençoados diretamente por Cristo. Em Hebreus 1:14, lemos que os anjos são “espíritos ministradores, enviados para servir a favor dos que hão de herdar a salvação”. Enquanto não estávamos em Cristo, ainda não havíamos herdado a salvação, e por isso, necessitávamos da ministração angelical. Mas uma vez em Cristo, herdamos a salvação, e tudo mais que Deus preparou para nós (2 Pe.1:3). Estar em Cristo é o suficiente, e dispensa qualquer ministração angelical. Fomos colocados numa posição superior a dos anjos. Por estarmos assentados “nas regiões celestiais em Cristo Jesus”(Ef.2:6), estamos “acima de todo principado, e autoridade, e poder, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro” (Ef.1:21). Por isso podemos exclamar: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos ABENÇOOU com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo” (Ef.1:3). E mais: “Ora, a qual dos anjos disse jamais: Assenta-te à minha destra até que ponha os teus inimigos por estrado dos teus pés? (...) Não foi aos anjos que Deus sujeitou o mundo vindouro, de que falamos (...) Pois na verdade ele não socorre a anjos, mas sim à descendência de Abraão” (Hb.1:13, 2:5, 16).

Alguns poderão argumentar: E quanto aos anjos que aparecem nas páginas de Atos dos Apóstolos? Precisamos compreender que Atos foi escrito durante um tempo intermediário, quando a Antiga Aliança estava sendo substituída pela Nova. Embora a Nova Aliança já estivesse vigorando desde a Cruz, alguns elementos e expedientes da Antiga Aliança permaneceriam até a queda do Templo de Jerusalém, e a conclusão do Cânon Sagrado[1]. Afinal, os crentes primitivos ainda não possuíam as Escrituras completas, e por isso, precisavam receber mensagens de Deus através de anjos. Este não é o nosso caso. Temos em mãos a Revelação completa, exposta nas páginas dos dois Testamentos. Por isso, Paulo recomenda: “Mas ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos anunciamos, seja anátema” (Gl.1:8).

Portanto, não adotamos a crença de que são os anjos que nos trazem as respostas às nossas orações. Nem tampouco cremos em anjos especializados em cura, em cirurgias espirituais, ou coisa parecida.

Se na Antiga Aliança, os homens tiveram que aprender com os anjos, na Nova, são os anjos que aprendem com a Igreja (1 Pe.1:12; Ef.3:10).

16. Culto de si mesmo (?) – Na mesma passagem em que Paulo condena o culto dos anjos, também denuncia e condena o que ele chama de “culto de si mesmo” (Col.2:23). Trata-se do mais perverso e hediondo tipo de idolatria: a egolatria. É como se Deus deixasse de ser o centro das atenções, para ceder Seu lugar ao homem. As expectativas das pessoas deixam de ser colocadas em Deus, para estar em algum “grande homem de Deus”. Nas palavras do apóstolo, os que assim agem, tentam dominar as pessoas a seu bel-prazer, privando-as de sua liberdade, tentando passar uma imagem de sabedoria e falsa humildade. Esses se acham superespirituais, acima de qualquer suspeita, mas na maioria das vezes, por trás da fachada há uma pessoa arrogante, cheia de presunções e malícia. Além da ofensa que se faz a Deus, o problema do culto centrado no homem é que, se ele eventualmente cair, arrastará muitos com ele. Todo culto deve ser centrado em Cristo Jesus, independente se é evangelístico, de adoração ou qualquer outro tipo. Tentar ofuscar a glória de Deus é muito perigoso. Uma igreja edificada sobre o carisma de um homem, é como uma casa edificada sobre a areia. A qualquer momento, cairá. O líder deve ser amado, respeitado, admirado, seguido, mas jamais idolatrado. Pior do que venerar ídolos de gesso, é venerar ídolos de carne e osso.

[1] Cânon Sagrado – Nome dado ao número completo de livros que compõem a Bíblia.