Para entendermos melhor a diferença entre envolvimento e comprometimento, lancemos mão de uma simples analogia: numa refeição encontramos ovos e bacon. Os ovos vieram da galinha, enquanto o bacon veio do porco. Cada um deu a sua contribuição. Não obstante, qual deles precisou se comprometer para dar sua parcela de contribuição para a refeição? É claro que foi o porco. A galinha pôs seu ovo, e deu-o para ser comido. Entretanto, isso não interferiu em sua vida. Já o porco, para nos fornecer o bacon, teve que comprometer sua própria vida. Eis a diferença entre ser um membro envolvido, e um obreiro comprometido. Imagine uma igreja em franco crescimento. Para que ela estivesse cheia, alguns contribuíram com sua presença, mas outros contribuíram com seu trabalho.
O obreiro/militante é aquele que se dispõe a comprometer seu tempo, seus recursos, seus talentos, na propagação do Reino de Cristo Jesus. Ele não se satisfaz apenas em entregar seu dízimo e dar suas ofertas. Ele quer dar-se a si mesmo a Deus, e à Sua obra (2 Co.8:5), e para isso, está sempre disposto a arregaçar as mangas e trabalhar.
Todos os integrantes do CEMIRE (Central da Militância Reinista) são obreiros/militantes, desde o Bispo Primaz até o Assistente Diaconal, passando pelos ministros de louvor, Diáconos, Auxiliares Pastorais, Pastores, Missionários e demais Bispos.
Quanto mais o obreiro cresce na Obra, maior é o seu comprometimento com o Reino de Deus.
1. 1. O que é necessário para ser um Militante Reinista?
1.1.1. Vocação - O primeiro requisito necessário para trabalhar na Obra de Deus é ser vocacionado. A palavra “vocação” significa literalmente “chamamento”. O obreiro tem que ser chamado por Deus para o exercício do seu ministério. E a quem Deus chama? Ele chama todo aquele que Ele mesmo escolheu para a Sua Obra. Portanto, não se trata de uma opção nossa, e sim, de uma escolha soberana da parte de Deus. Jesus afirmou acerca disso aos Seus discípulos:
“Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi, e vos designei para que vades e deis fruto...”
João 15:16a
É bom deixarmos claro que os critérios de Deus não são os nossos. Ele não nos escolhe levando em conta nossa aparência, nossa capacidade intelectual, nosso temperamento, ou nossos méritos. A razão que O levou a escolher-nos não está em nós, mas n'Ele mesmo. É Ele quem convoca, capacita e envia obreiros para Sua Seara. Jesus disse: “Grande é, em verdade, a seara, mas os obreiros são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que envie obreiros para a sua seara” (Lc.10:2). Ele primeiro diz vinde, pra depois dizer ide.
1.1.2. Capacitação - Ele não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos. Um exemplo disso é Jeremias. Ao ser chamado por Deus, o profeta Jeremias, que à época ainda era uma criança, relutou em aceitar sua vocação, por achar que não tinha capacidade para isso. Leia com atenção o texto bíblico:
“Veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Antes que eu te formasse no ventre, te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta. Então disse eu: Ah! Senhor Deus! Não sei falar; não passou de uma criança; Mas o Senhor me disse: Não digas: Não passou de uma criança. Aonde quer que eu te enviar, irás, e tudo o que te mandar, dirás. Não temas diante deles, pois eu sou contigo para te livrar, diz o Senhor. Então estendeu o Senhor a sua mão, tocou-me na boca, e me disse: Agora pus as minhas palavras na tua boca”. Jeremias 1:4-9
Não adianta argumentar com Deus. Quando Ele nos convoca, não podemos sequer pensar em fugir. Alguém poderá dizer como Jeremias: Senhor, eu não sou capaz. Eu não tenho experiência suficiente. O apóstolo Paulo, que também foi escolhido por Deus mesmo antes de nascer (Gl.1:15), afirmou: “Não que sejamos capazes, por nós mesmos, de pensar alguma coisa, como se partisse de nós mesmos, mas a nossa capacidade vem de Deus. Ele nos fez capazes de ser ministros de uma Nova Aliança...” (2 Co.3:5-6a).
1.1.3. Disposição & Disponibilidade – Quando chamados por Deus, temos que estar dispostos e disponíveis. Disposição diz respeito ao estado de espírito. Um obreiro indisposto trabalha com má vontade, e por isso, não produz de acordo com a vontade de Deus. O apóstolo Paulo escreve:
“Contudo, quando anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação. Ai de mim, se não anunciar o evangelho! Se o faço de boa vontade, terei recompensa; mas se de má vontade, apenas desempenho um cargo que me foi confiado”.
I Coríntios 9:16-17
Onde não há disposição, boa vontade, também não há resultados, e, portanto, não pode haver recompensa da parte de Deus. O obreiro indisposto é sempre vagaroso, descuidado, negligente, e por isso mesmo, corre o risco de ser desqualificado por Deus. “Não sejais vagarosos no cuidado” admoesta o apóstolo, “mas sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor” (Rm.12:11). Se não for pra fazer bem, é melhor não fazer. Tudo o que fizermos pra Deus deve ter a marca da excelência, não da negligência. Aqui vale a exortação feita por Jeremias: “Maldito aquele que fizer a obra do Senhor negligentemente!” (Jer.48:10a).
Deve haver no coração do obreiro militante a disposição de gastar-se completamente na Obra de Deus. Era esta a disposição que havia em Paulo ao escrever: “Eu de muito boa vontade gastarei, e me deixarei gastar pelas vossas almas, ainda que, amando-vos cada vez mais, seja menos amado” (II Co.12:15).
Além da disposição, não pode faltar disponibilidade. Trabalhar pra Deus não pode ser um hobby, um passatempo, uma distração, mas uma prioridade. O obreiro deve estar sempre disponível pra Deus. A expressão “eis-me aqui”, tão encontrada nas páginas das Escrituras, significa “aqui estou eu, pronto a atender”. Escrevendo a seu discípulo Timóteo, Paulo o exorta: “Procura apresentar-te a Deus” (II Tm.2:15a). Em outras palavras: “Procura estar sempre disponível pra Deus”. Nenhuma ocupação terrena pode privar-nos desta disponibilidade. No mesmo capítulo, Paulo diz: “Nenhum soldado em serviço se embaraça com negócio desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra” (II Tm.2:4).
É claro que há obreiros que têm suas atividades profissionais, e que delas depende sua sobrevivência. Estes devem buscar organizar de tal maneira seu tempo, que haja maior disponibilidade possível para trabalhar na Obra de Deus. Já os que trabalham em tempo integral (pastores, missionários e bispos, por exemplo), não devem comprometer seu tempo com qualquer outra atividade que não esteja relacionada à Obra de Deus.
Estar disponível pra Deus implica pontualidade nos compromissos da Igreja. O obreiro deve sempre chegar algum tempo antes do culto, e apresentar-se ao pastor, colocando-se disponível para qualquer serviço. Se ele já pastoreia uma igreja, deve chegar cedo e colocar-se à disposição dos irmãos, oferecendo atendimento pastoral às ovelhas de Deus.
1.1.4. Qualificação – Para crescermos na Obra de Deus, e ocuparmos novos espaços, precisamos ser regularmente provados. Tomemos o exemplo dado por Paulo acerca dos diáconos. De acordo com o apóstolo, “estes sejam primeiro provados, depois sirvam, se forem irrepreensíveis (...) Porque os que servirem bem como diáconos, adquirirão para si uma boa posição, e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus” (I Tm.3:10, 13). Antes que uma pessoa seja empossada em um cargo na Igreja, ela precisa ser provada. Isto quer dizer que ela deve passar por um tempo de observação. Não podemos impor as mãos precipitadamente sobre ninguém (I Tm.5:22). De acordo com Atos 6:3, o candidato deve ter boa reputação, ser cheio do Espírito Santo e de Sabedoria. Além disso, deve ser considerado fiel , antes de ser colocado no ministério (I Tm.1:12). Mesmo depois de ser aprovado, o obreiro estará constantemente sendo submetido à prova. Até mesmo aquele que ascendeu ao ministério pastoral ou episcopal, corre o risco de ser desqualificado. Paulo, o grande apóstolo dos gentios, reconhece isso ao afirmar: “Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado” (I Co.9:27). Diante deste inevitável risco, ele aconselha a seu pupilo Timóteo: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (II Tm.2:15). Só tem do que se envergonhar, aquele obreiro que é passível de repreensão. Porém, aquele que goza de boa reputação com os irmãos, e com os de fora, que é cheio do Espírito e de Sabedoria, e que, portanto, sabe manejar bem as Escrituras, jamais será envergonhado. Envergonhado fica aquele que se lança em um empreendimento, mas sem calcular o preço. Depois de verificar que não tem condição de concluir o que começou, acaba servindo de chacota aos outros (Lc.14:28). Há um preço a pagar, quando nos lançamos na obra de Deus. Se não nos dispusermos a pagá-lo, é melhor não nos comprometermos.
Jesus disse: “A qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou muito mais se lhe pedirá” (Lc.12:48b). Exige-se muito mais dos obreiros do que dos membros. E por quê? Porque o obreiro, seja ele um auxiliar, um pastor ou até um Bispo, ele servirá de referencial para os demais. Os membros e visitantes tendem a espelhar-se em quem está à frente. Portanto, o obreiro deve ser padrão para os demais. Uma coisa é estar em meio à multidão, sem ser notado. Outra coisa é estar à frente, ou em pé junto à portaria ou nos corredores da igreja trabalhando. Daí a necessidade de que seja irrepreensível. Isto é, não passível de repreensão. Observe o conselho que Paulo dá a Tito, seu cooperador:
“Em tudo te dá por exemplo de boas obras. Na doutrina mostra integridade, reverência, linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós.”
Tito 2:7-8
De acordo com esta passagem, entendemos a importância que há naquilo que o obreiro faz, no que ele crê, e na forma como ele se expressa. São três quesitos em que o obreiro pode ser reprovado: obras (comportamento), doutrina (em que ele crê) e linguagem (como ele se expressa).
a) Boas Obras – Como deve comportar-se um obreiro dentro e fora da igreja? Qual deve ser testemunho? Como vimos, o obreiro deve ser padrão para os demais membros da igreja. E quanto aos de fora? O obreiro deve portar-se de tal maneira no mundo, que as pessoas se sintam atraídas a Igreja. Se o seu testemunho for ruim, ele poderá ser uma espécie de vacina antiigreja solta no mundo. Por isso, “é necessário que tenha bom testemunho dos que estão de fora” (1 Tm.3:7). O que somos dentro da igreja, temos de ser do lado de fora. Não podemos envergonhar o Evangelho de Jesus, dando margem às pessoas ímpias para que difamem a obra de Deus.
Quando falamos de obras, estamos falando de comportamento, e isto inclui a maneira como nos relacionamos, nos vestimos, pagamos nossas contas, trabalhamos, estudamos e etc. Ser irrepreensível é não dar oportunidade ao adversário para que fale de nós, e assim, envergonhe a obra de Deus.
b) Doutrina – O que é mostrar integridade na doutrina? Significa dizer que não pode haver ponto em aberto naquilo em que cremos. Se a Bíblia é a Palavra inerrante de Deus, não há qualquer doutrina nela contida que não deva ser abraçada. “Fiel é esta palavra e digna de toda a aceitação” (1 Tm.4:9). Quando falamos de doutrina, não nos referimos a regras de comportamento, e sim, ao conjunto de ensinamentos bíblicos que formam o corpo doutrinário da Igreja de Cristo. Doutrina, portanto, refere-se àquilo em que cremos. Por exemplo: Cremos em um único Deus, que subsiste em três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. Cremos na Vida Eterna, que é um dom outorgado àqueles que receberam a Jesus. Cremos que todos haverão de prestar contas de suas obras a Deus no Juízo Final. Etc. Assim como há doutrinas bíblicas, há também doutrinas antibíblicas, que devem ser rejeitadas de imediato. Paulo as chama de “doutrinas de demônios”, “fábulas profanas” (1 Tm.4:1,7), e diz que devemos rejeitá-las. Doutrinas como a da reencarnação, da mediação dos santos, do purgatório, da regeneração batismal, e outras, não podem encontrar abrigo no coração do povo de Deus, pois são antibíblicas. Compete ao obreiro ser um expoente da sã doutrina. Ele deve estar sempre disposto a reproduzir a outros aquilo que recebeu. Paulo escreve a Timóteo: “Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus. E o que de mim, através de muitas testemunhas ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros” (2 Tm.2:1-2). Não temos o direito de acrescentar nada, tampouco subtrair nada do que nos foi confiado. Temos que ser fiéis na transmissão daquilo que nos foi confiado: a são doutrina de Cristo.
c) Linguagem – Assim como é importante a maneira como procedemos, e aquilo em que cremos, também é importante a forma como nos expressamos. Por isso, Paulo instrui os crentes de Éfeso: “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, conforme a necessidade, para que beneficie aos que a ouvem” (Ef.4:29). Obscenidades, palavrões, piadinhas picantes, não podem constar do vocabulário de um obreiro aprovado.
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